O turismo rural organizado, entretanto, teve início com a Serratur Empreendimentos e Promoções Turísticas S.A., um órgão oficial de turismo do município de Lages (SC), criado com a finalidade de implantar ações para desenvolver tal atividade (Novais, 1994). Nessa região serrana surgiu, em 1984, a ideia de se aproveitar a estrutura existente nas fazendas para receber turistas.
Considerada pioneira do turismo rural brasileiro, Lages teve o mérito de organizar e promover essa forma de turismo, conferindo-lhe personalidade e marca, transformando-a em um “produto” conhecido e imitado. Assim, a partir do pioneirismo de Lages, outras iniciativas proliferaram por todo o território brasileiro, principalmente na década de 1990.
Em Lages, assim como aconteceu nos países que desenvolveram esse tipo de turismo e, também, nos empreendimentos que acompanharam essa ideia, o turismo rural foi uma alternativa para contornar problemas financeiros decorrentes de crises agrárias.
Apesar das diferenças observadas quanto às características socioeconômicas, culturais e da estrutura agrária, a maioria dos empreendimentos de turismo rural seguiu modelos de países europeus, sobretudo de países como Portugal, França, Espanha e Itália, embora também existam registros de ideias importadas dos Estados Unidos.
Algumas localidades se organizaram e, rapidamente, desenvolveram-se.
Inspiradas no sucesso das áreas pioneiras e na projeção que esse segmento alcançou no mercado, surgiram empreendimentos nos diferentes estados.
Atualmente, pode-se dizer que, embora em escalas e estilos variáveis, o turismo rural está presente em todas as unidades da federação, apresentando-se distribuído de modo irregular, difuso e pontual, concentrando-se em núcleos mais atuantes no sul e no sudeste, em tipos que, de um modo geral, adaptaram-se às especificidades locais e regionais, decorrentes, sobretudo, da herança cultural.
As atividades desenvolvidas denunciam diferenças regionais e locais, enquanto as tipologias, também influenciadas pela segmentação da demanda, são reveladas pela maior ou menor interferência dos países que serviram de espelho para o desenvolvimento do turismo nos espaços rurais do Brasil.
O aumento do número de empreendimentos exigiu a organização do setor e a criação de numerosas associações. A atenção despertada para esse segmento estimulou a realização de inúmeros eventos e a formação de grupos Teoria e prática do turismo no espaço rural de estudo, o que contribuiu para a produção de pesquisas e relatos de experiências, envolvendo acadêmicos, associações de turismo rural, empresários, institutos, organismos públicos e outros interessados no assunto. Houve progresso nos conhecimentos, o que contribuiu para alimentar debates sobre as diversas manifestações do turismo no espaço rural.
Este capítulo trata de duas questões fundamentais para o turismo no espaço rural: as abordagens conceituais e as tipologias. A revisão da literatura específica e a contribuição dos eventos acadêmicos, das associações e dos institutos fundamentaram as abordagens conceituais que deram origem à concepção oficial responsável pela orientação e organização dessa atividade no Brasil.