Ao passar por um supermercado, resolvi entrar. Afinal, precisava comprar umas cervejas para o passeio do meu barco ao pôr do sol e como já tinha terminado o meu “eterno” café da manhã, fui às compras. Nesse dia, resolvi caprichar um pouco mais e comprei um camembert, uma garrafa de vinho e alguns pães para sofisticar o jantar daquela noite.
Quando estava na boca do caixa, vi que esquecera de pegar o leite e pedi ao senhor atrás de mim que aguardasse um momento. Voltei rapidamente e enquanto ensacava tudo, percebi que havia um quilo de açúcar entre as minhas compras e imediatamente reclamei do erro.
A menina do caixa me disse que não poderia devolver, porém, o modo como respondeu foi extremamente grosseiro e, ao mesmo tempo, sarcástico, como se realmente pouco se importasse comigo e, por consequência, com o cliente. Meu sangue subiu à cabeça. Respirei fundo e voltei a explicar pausada e educadamente que o açúcar não me serviria para nada, que iria jogá-lo fora, mas que não me importaria se ela não pudesse me devolver o dinheiro, contudo que eu pudesse trocar a mercadoria por qualquer outra coisa que me servisse.
Diante de sua negativa ríspida, perdi totalmente a noção do perigo: – Quer dizer que não posso trocar, certo? – perguntei, franzindo a testa de raiva. – Sim – respondeu, sem nem olhar para mim. – O açúcar é meu e faço com ele o que eu quiser, certo? Nessa hora, estava completamente fora de mim. – Sim – respondeu mais uma vez, sem levantar os olhos. – Muito bem, então, vou lhe dar de presente.
Atirei o pacote com toda a força em cima do caixa, que estourou de modo tão violento que esparramou açúcar para todo lado. Naquele momento, ela estava com a gaveta do caixa aberta que ficou todo cheio que açúcar. Ela tinha açúcar sobre o colo e até nos cabelos. Mesmo alguns clientes e outros caixas próximos levaram as sobras. Não esperei qualquer reação dela nem de ninguém e saí sem olhar para trás. Na primeira esquina, virei e comecei a correr, apenas tomando cuidado para não derrubar a garrafa de vinho.